As previsões e a Astrologia
A astrologia exerce sobre nós o fascínio do
desconhecido e do mistério, quer admitamos ou não. Não há quem não saiba o seu
signo de nascimento e suas características mais relevantes, mesmo os mais
céticos e desconfiados de sua eficácia e confiabilidade. No entanto, o que se
conhece sobre a astrologia dá margem a muitas distorções e fantasias que não
beneficiam ninguém. A maioria das
pessoas conhece o que se lê nos jornais: alguns conselhos para autoajuda, a
determinação de certos dias propícios para se fazerem negócios, a possibilidade
do aparecimento de um relacionamento feliz e duradouro, ou ainda, o anúncio de
acontecimentos perturbadores. Este conhecimento limitado da finalidade da
astrologia provoca duas atitudes: uma
delas é que se procure a astrologia para previsões para o futuro de
acontecimentos, de fatos concretos no mundo externo e a outra, diametralmente
oposta, é o afastamento ressabiado de uma consulta astrológica, por medo de vir
a saber de coisas tenebrosas que nos acontecerão.
Não é para previsões que se presta a astrologia. Ela
é a mais antiga forma de conhecimento da psicologia do homem, de sua estrutura
interna, da manifestação de sua personalidade individual e de como esta
personalidade interage com o mundo, como se desenvolve nas diversas fases da
vida, como se adapta aos acontecimentos e vai evoluindo, tornando-se mais
consciente e, portanto, mais sábia.
Nessa interação com o mundo externo, ao longo da
existência e ao mesmo tempo em que empreendemos nosso desenvolvimento social,
emocional e mental, sentimos que nossa vida passa por fases: algumas vivemos
com maior percepção, outras achamos tão naturais que nem prestamos atenção a
elas e outras ainda nem entendemos o que
está nos acontecendo.
Estas fases fazem parte de um processo de evolução e
desenvolvimento e são comuns a todos os homens. Ainda que por um lado sejam
comuns a todos, por outro são originárias de campos individuais internos de
força psíquica e resultam num comportamento no mundo externo de acordo com os
potenciais, motivações e estrutura básica de que dispomos. Hoje se sabe que o
que nos acontece no exterior é reflexo de nossos pensamentos, expectativas,
maneiras de encarar a vida e é evidente que no decorrer da vida se produzam
muitas adaptações e mudanças. No decorrer do tempo vamos crescendo em
responsabilidade e consciência, temos mais necessidade de autoafirmação e
independência e isto se reflete no mundo externo que nos dá as oportunidades
para crescermos.
Todas
essas fases da vida estão refletidas no mapa e podem ser reveladas pela
Progressão da Idade. Para que possamos compreender melhor o que seja a
progressão da idade, nada melhor do que citar alguns trechos do livro “O
Relógio da Vida” de Bruno e Louise Huber. Então vejamos:
“A
progressão da idade é uma mecânica do tempo que está dentro do horóscopo – um
tipo de relógio vital individual. Por meio dela podemos reconhecer onde estamos
no momento, o melhor que podemos fazer em nossa situação presente, que
problemas nos afetam agora e nos afetaram antes e o que nos sucederá, mas não como acontecimentos e sim como
processos de evolução psicológica no transcurso cíclico de nossa vida” … “A
progressão da idade indica processos psicológicos que têm lugar em nosso
interior e que provocam acontecimentos na realidade: quer dizer, são as causas
dos sintomas e das manifestações externas. Por isso, psicologicamente, os
acontecimentos não são necessariamente relevantes, porque são só sintomas de um
processo psíquico-mental”.
Não se trata evidentemente de fazer previsões dos
fatos e acontecimentos de nossa vida.
O que posso, então, aprender com os acontecimentos?
Principalmente a fazer perguntas. Em vez de me fazer de vítima inocente e
passivas diante do que me acontece, algumas coisas são importantes que eu tente
compreender: minha responsabilidade em relação ao fato, a percepção da
repetição de um padrão único de acontecimentos e atitudes (próprias e dos
outros em relação a mim), o significado e propósito disso em minha vida e ,
principalmente, o que este fato pode me ensinar a respeito de mim mesmo(a).
Como disse no começo deste artigo, há fases da vida
que são comuns a todos, às quais reagiremos de acordo com o nosso mundo
interno, cada um a sua maneira. Ainda que as reações individuais, tais como se
apresentam no mapa, devam ser examinadas também individualmente, as etapas
comuns podem ser conhecidas para que possamos tirar delas o maior proveito
possível.
Maria Regina Martins de Assis
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